Já conto esta história há muito tempo, obrigada Isabel Martins e Bernardo Carvalho...
No entanto, hoje sublinhei nas minhas leituras a contextualização teórica e afectuosa do meu grande Mestre João dos Santos, psicanalista, pedagogo, impulsionador da Saúde Mental Infantil em Portugal. J dos Santos conseguiu dar ainda mais corpo ao âmago profundo e afectuoso deste livro. Passo a citar (p.104) um excerto do livro João dos Santos - saúde mental e educação (trabalho excelente de Maria Eugénia Carvalho e Branco da editora Coisas de Ler)
No entanto, hoje sublinhei nas minhas leituras a contextualização teórica e afectuosa do meu grande Mestre João dos Santos, psicanalista, pedagogo, impulsionador da Saúde Mental Infantil em Portugal. J dos Santos conseguiu dar ainda mais corpo ao âmago profundo e afectuoso deste livro. Passo a citar (p.104) um excerto do livro João dos Santos - saúde mental e educação (trabalho excelente de Maria Eugénia Carvalho e Branco da editora Coisas de Ler)
"São as pessoas que nos permitem o deslocamento dos afectos mais directos que actuámos, primeiro, com os pais, depois, para com os outros personagens privilegiados, como os avós e os tios. (...). Que os homens da família, os meus inúmeros tios, tiveram uma importância grande na minha formação, é um facto por mim assente. Com a tia Elvira aprendi a comunicar na espiritualidade poética. Com a tia Virgínia, a apreciar a inteligência dos homens cultos e a cultura que em nos livros. Com a tia Virgínia Carpelinha aprendi o catecismo. Com a tia Cecília, o amor pelos animais. Com a tia Ermelinda aprendi a apreciar os petiscos; fazia filhós na véspera de Natal, quando eu ia almoçar com ela. Com a tia Aurora aprendi a ler, como já contei e outras coisas d vida que talvez venha a contar. Com a prima Amélia que era como se fosse minha tia aprendi a povoar o meu espaço e a minha imaginação com aquilo que eu próprio crio e com as obras de criação que me oferecem aqueles que eu estimo.
João dos santos confere, assim, o valor de aprendizagem humana e cientifica à rememoração na infância e a ela recorre frequentemente. Se o que somos se enraíza no que aconteceu nos primeiros anos de vida, então recordar o que ficou para trás é um exercício dinâmico que ajuda a não repetir a a agir o passado, antes a evoluir e a partir do que ele nos legou de experiências negativas e positivas.
