segunda-feira, 18 de outubro de 2010

José Fanha e o Elefante acorrentado



O OFL, numa das suas valências, realiza ateliers com educadoras onde se permite uma troca de afectos e vivências, um mergulho na literatura dita para a infância, transformando-o num momento de riqueza projectiva, de copensamento, de novas perspectivas, de movimentos dinâmicos que fazem pensar e reflectir no âmbito pessoal e profissional.
Hoje explorámos o conto do médico e psicólogo argentino Jorge Bucay "O Elefante acorrentado". Eis um conto que remete para o poder da infância, para a estrutura da personalidade do ser humano, a infância enquanto pilar do processo de escolhas, de ligações, de correntes castradoras, que deixam subliminarmente a ideia de frustração e insucesso. O movimento de esperança cria-se naquilo que nos segredam as pessoas significativas, as que acreditam, aquelas que permitem a mudança, que asseguram um caminho com suporte e pensamento. Nesta sessão foram exploradas diversas temáticas bastante ricas das quais não pretendo fazer um resumo tornando o pensamento fluido de 60 minutos numa frase que se lê em 30 segundos. Deixo sim uma analogia feita por uma das educadoras; um poema de José Fanha partilhado com o grupo, um poema recitado apenas com as ligações internas que fez com ele, sem papel, sem livro, apenas com afecto.


Nós nascemos para ter asas meus amigos.

Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós nascemos para ter asas.

No entanto, em épocas remotas vieram com dedos pesados de ferrugem para gastar as nossas asas assim como se gastam tostões.

Cortaram-nos as asas como se fossemos apenas operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingénuos de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.

Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas de novo voltam a ser.
Aceitemos essa hipótese, apesar de não termos dela qualquer confirmação prática.

Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.

José Fanha, 1985, Cartas de Marear

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

OFL em 3 jardins de Infância


O Ouvir o Falar das Letras tem uma casa mãe- Associação de Protecção à Infância da Ajuda (APIA). Os ateliers decorrem como projecto de continuidade na APIA desde 2005 e foi aqui que o seu âmago foi entendido e acolhido pela primeira vez, foi neste espaço igualmente que o OFL deu inicio ao projecto de continuidade sendo desenvolvido com as crianças de todas as salas do Jardim de Infância, em grupos de 12, em ateliers mensais. Na APIA decorre também os ateliers OFL com educadoras.

A Creche Popular de Moscavide veio receber igualmente de forma muito carinhosa este projecto e mantêm-no desde 2007 . O OFL desenvolve os seus ateliers com todas as salas de Jardim de Infância bem como os ateliers com o grupo de educadoras. No ano lectivo 2010/2011 a CPM recebeu o projecto A DOIS É MELHOR - nova iniciativa do OFL, direccionada para crianças dos 12 aos 36 meses de idade.

Em 2010/2011 o projecto OFL, na sua valência de continuidade, abraça mais um Jardim de Infância, "Abrigo Infantil", em Belém. Paralelamente à inauguração da sua biblioteca privada, muito simpática e acolhedora, brinda-se o encontro do OFL com as crianças (dos 3 aos 5 anos) desta Instituição.

O suporte dado às diferentes etapas do processo de desenvolvimento emocional através do conto enriquece todo este processo de amadurecimento interno. Ainda bem que a escola está mais atenta, mais próxima do ser humano que é cada aprendiz.