domingo, 16 de dezembro de 2007

A segurança de um conto - interacções



A interactividade de um conto existe logo à partida, basta contá-lo, basta estar com disponibilidade interna para o receber. A interacção concreta, a envolvência física das crianças no contar do conto, mediante os conteúdos abordados, pode ser muito rica mas também pode potenciar angústias e ansiedades. Se a criança passa a ter a obrigação de se encaixar em pleno no personagem, de ser o personagem, os conteúdos ficam mais próximos de si, não se poderá proteger no encantamento da história, na distância segura que um conto pode trazer. O vai vem de identificações que a criança pode fazer enquanto ouve um conto deverá ser feito livremente por ela, com o seu controlo. Senti a diferença no grupo de crianças que colaboraram no conto e as que não o fizeram, o registo de ansiedade foi muito maior no primeiro grupo. Partilho aqui uma reflexão.
Conto: Lionni, L. (2007). "O nadadorzinho". Kalandraka

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O meu lobo


O meu lobo, do conto "Eu sou o mais forte", tem um lado frágil que é por vezes abraçado , tem um lado de manha e de presunção que já foi olhado de lado, tem um lado feroz que levou a que lhe tocassem a medo, tem um lado malvado e cruel que, se entrar no interior de algumas crianças menos seguras, pode ser pontapeado e derrubado. É maleável e a 3 dimensões, pode ser abraçado ou pode receber uma valente zanga... o mais engraçado é que está tudo dentro de nós.
Conto: Ramos (2001)."C'est moi les plus fort". l'école des loisirs, Paris.

domingo, 4 de novembro de 2007

Os lobos




Este é um conto fabuloso, pelo seu impacto, pela sua capacidade contentora e paradoxalmente pela sua simplicidade. O lobo, sedutor e ameaçador , convencido da sua força e domínio é confrontado com o poder protector de uma mãe. E agora? Quem é o maior? Mais do que o tamanho, a força interna protectora das pessoas para quem somos queridos é o suficiente para sentirmos coragem e segurança para enfrentar os lobos.
Livro: Ramos, M. (2001). "C'est moi le plus fort". L'école des loisirs. Paris

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Um conto dentro de mim...


contos de fadas e contos da vida... há narrativas de corpo visivel, há cheiros pálpáveis e sabores que se ouvem, há sensações que se vêem e emoções dificeis de expressar mas muito doces de viver e de partilhar... Ainda tem milímetros mas já é meu filho.


10 semanas... Aqui está o meu rebento aninhado. Mexeu as perninhas como se estivesse a nadar... muito bonito.


14 semanas: Será um menino? uma menina? Só sei que gesticula, que mexe, que se estica e encolhe, que o coração bate com força... estou a gerá-lo, é por amor que o trago no ventre. Acenou-me, senti.


17 semanas - Está a crescer... É uma menina e chama-se JOANA = Jó e Ana.

21 semanas - Pesa 400g, com certeza serão 399g de mimo e 1 g da estrutura ossea e restantes orgãos. Já sinto os seus movimentos, temos grandes conversas.


26 semanas - A Joana olha-nos de frente... o processo de vinculação começa nestes encontros ecograficos, estou certa disso.



Nasceu dia 3 de Junho, às 10h17! Eis o prefácio do conto que se encherá de páginas vivas, ávidas de cor e de trocas, de mimos e de boas experiências. Vou-me deliciar, espero que ela também...

NOVIDADES DESTE CONTO...


http://www.youtube.com/watch?v=hj_UeXeSCIc

http://www.youtube.com/watch?v=5S3KD_aIs14&feature=channel_page


sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Andarilhemos no mundo


Terminam as férias... As palavras andarilhas vêm abrir-nos a alma para um novo começo de projectos e pensamentos. Encontremo-nos em Beja, terra quente e hospitaleira, levem um livro até à esplanada do Parque da cidade, espaço tranquilo a abraçar a água, ou até ao simpático e acolhedor café "Páginas à Margem" de Jorge Serafim, um dos contadores que neste encontro nos vai soltar a imaginação sem rédeas. Até lá.

sábado, 14 de julho de 2007

A árvore


Françoise Dolto, psicanalista, desvenda-nos a boneca-flor e a sua potencialidade enquanto elemento de projecções e transferências no contexto de análise e acompanhamento. Dolto, no livro "No jogo do desejo", relata experiências fabulosas e de extrema riqueza em relação a todo o trabalho realizado com este elemento. Transformei a boneca-flor em árvore, depois dei-lhe um sentido semelhante, nos ateliers de continuidade do "Ouvir o falar das letras". Os contos que abordo têm temáticas que remetem para as problemáticas do desenvolvimento infantil e, como tal, mutas vezes dificeis de passar à oralidade, assim, os abraços, os mimos, os puxões, os tratos mais agressivos, fazem parte da relação dual que as crianças estabelecem com ela durante a sessão.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Enfrentemos o peixe grande!

Um livro que nos faz pensar na importância de sabermos lidar com a angustia, com a perda. A consciência da dor no luto e a esperança que surge no reencontro consigo próprio, com as suas referências, com a sua força interna. Enfrentemos os "peixes grandes" que às vezes nos atemorizam, olhemos para os elementos contentores e apaziguantes do espirito e pensemos. VER e PENSAR são duas palavras que Leo Lionni destaca neste livro, saúdo-o também por isso.

sábado, 9 de junho de 2007

OFL no programa itinerâncias do DGLB






Inserida no programa itinerâncias do DGLB cheguei ao Couço, concelho de Coruche, onde fui muito bem recebida. O atelier do OFL foi acolhido pelas crianças muito serenamente. O conto "Petit âne offre un cadeux" bem como a dinâmica criada posteriormente, permitiu que o pensamento e as emoções acerca da dificuldade e das mais valias em partilhar se soltassem e fizessem jus ao âmago deste projecto: "pensar-se" através do conto.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

As caixas onde se guardam contos



No OFL sou a guardiã das caixas.


“Uma caixa é um local onde se guardam os sonhos, fantasias mais pessoais que se podem ir visitar. A criança pode ir lá e assegurar-se que o seu próprio mundo interno existe. As coisas que coloca lá dentro são muito importantes pois são coisas que ela toma posse.” Mesmo que sejam cordéis, pedaços de rolha ou bocados de papel velho, é importante pensarmos que são coisas que a criança sente que são dela e pode arrumar como lhe fizer mais sentido.


In Santos, J. “Vida, pensamento e obra de João dos Santos”,(p. 304). 2000. Livros Horizonte

domingo, 13 de maio de 2007

As bolotas




Através do conto infantil é possível mediar e conter alguns dos conflitos intra e interpessoais dos técnicos de educação. Cruzar o ambiente escolar com os afectos, com o simbólico, é de real importância e permite o aconchego do educador tantas vezes mergulhado em ansiedades e zangas profissionais. Só um educador tranquilo pode conter os conflitos das crianças.
Este livro, entre outras temáticas, explora a importância de semear várias bolotas... alguma há-de crescer, alguma se transformará em carvalho e dirá ao mundo que alcançámos o nosso objectivo.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Frederico



Conto: Lionni, L. (2004). “Frederico”. Kalandraka. Lisboa

Com este livro soltou-se o Ser do Ter. Falou-se da importância do pensamento e da capacidade de guardar na memória os nossos percursos, as nossas vivências...

terça-feira, 3 de abril de 2007

Vocês são os meus preferidos!



Conto: Bratney, S &Jeram, A.(2004) Vous êtes tous mes préférés. Lutin Poche. Paris

Este livro transforma em páginas a dúvida angustiante dos filhos face à capacidade dos pais repartirem o seu amor. A dúvida é superada quando há espaço para o colo, espaço para o olhar carinhoso, para dizer o que se sente e o quanto se gosta.

"Uma familia serve para gerar o amor, promover a esperança, conter a tristeza, e pensar" Meltzer

domingo, 25 de março de 2007

Petit âne offre un cadeaux




Oferecer um presente, o qual gostariamos que fosse nosso, é um acto que requer disponibilidade interior para "dar". Implica termos a certeza que também para nós houve e haverá disponibilidade para os aconchegos, para os mimos, para outros presentes. Nem sempre é fácil, e foi isso que, ao abrir as páginas deste livro, contei...
Conto:Kromhout, R. (2001). "Petit âne offre un cadeau". Mijade. Bélgica

sábado, 24 de março de 2007

"Deixar-se pensar"



Elementos da estrutura dinâmica que faz parte do prolongamento do conto, mediadores do pensamento, do "deixar-se pensar".

A princesa que bocejava a toda a hora



Conto: Gil,C.& Odriozola, E.(2006)"A princesa que bocejava a toda a hora". Editora OQO

Bocejos: arte de contar o que vai na alma. O pensamento flui até à beira da boca e ergue-se num espreguiçar facial que traz como imagem um cobertor quente e o acolhedor aconchego do inspirar. Com as páginas deste livro pensou-se sobre o facto de não precisarmos de brinquedos para brincar, precisamos sim, de soltar a criatividade e rebolar na sabedoria das descobertas que se fazem com a amizade.

A cor do conto



O cheiro, a cor, a leveza dos tecidos, a fantasia aconchegada nos personagens que se apertam nos braços enquanto o conto se solta dos lábios.